Com problemas, as urnas biométricas foram usadas por mais de 21 milhões de eleitores ontem. O número representa 15% dos 142.822.046 eleitores aptos a votar e é bem superior aos sete milhões de pessoas que já usaram a identificação eletrônica pela digital na última eleição, em 2012.
Ao todo, a ferramenta, usada para combater fraudes na eleição, foi adotada por 764 municípios atingindo 100% dos eleitores do Distrito Federal, Alagoas, Amapá e Sergipe. Na eleição passada, ela tinha sido usada em 299 cidades, em 24 Estados, sendo nenhum deles em sua totalidade.
Na eleição de ontem, a urna biométrica acabou complicando a votação em ao menos quatro Estados, além do Distrito Federal. Eleitores encontraram filas e algumas seções tiveram o fechamento das urnas atrasado, como em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Houve relato de problemas também nos Estados do Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte. No Maranhão, o candidato Flávio Dino (PCdoB), que acabou vencendo a eleição, teve problemas com a identificação. Como não havia levado nenhuma outra identificação, teve que esperar que fossem buscar um documento original com foto para que pudesse votar.
Em Curitiba, onde o cadastro por biometria está em vigor desde a eleição passada, em 2012, houve filas de até 50 minutos para a votação. Em muitos locais, eleitores esgotaram o número máximo de tentativas para a identificação das digitais – oito. Lenços umedecidos eram usados nas seções para a limpeza dos dedos, algumas vezes sem sucesso.
Nesses casos, o número do título era digitado manualmente pelo mesário, e o eleitor procedia à votação na urna eletrônica. O próprio presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), Edson Vidal Pinto, precisou de seis tentativas para votar na manhã de ontem.
Treinamento
O secretário de tecnologia da informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino, afirmou no final da tarde que é preciso intensificar o treinamento dos mesários que atuam em seções de voto biométrico.
Janino afirmou ter havido relatos de atrasos pontuais em seções eleitorais devido à demora no processo de identificação, muitas vezes causado por um mal posicionamento do dedo no leitor. "Identificamos grande necessidade de amadurecimento desta prática (da biometria), dessa funciona-lidade, e capacitação maior dos nossos colaboradores", disse. "O problema não é generalizado. Se examinarmos o DF, verificamos que (a demora acontece em) menos de uma dezena de seções (…) os eventos são bastante pulverizados."