O Ministério da Saúde vai implantar, até março, o sistema de verificação de presença por meio de impressões digitais para os funcionários dos nove hospitais institutos federais do Rio. Contestada pelos sindicatos da categoria, a medida valerá para os hospitais do Andaraí, de Bonsucesso, da Lagoa, de Ipanema e dos Servidores do Estado, além do Cardoso Fontes. Será implantada também para os institutos nacionais do Câncer (Inca), de Traumato-ortopedia (Into) e de Cardiologia (INC). Pelo menos 11 mil servidores passarão a bater o ponto pelo novo sistema.
A ideia inicial é que a biometria, como o método é conhecido, comece a funcionar em fevereiro, em fase de testes. Nesse período, a novidade seria adotada sem que a verificação atual, por meio da folha de ponto, fosse abandonada. A data limite de março, segundo o ministério, foi determinada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que fez auditorias nas unidades em 2013.
Há 42 anos trabalhando no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), o cardiologista Mauro Edson Gonçalves dos Santos, de 68, faz críticas à adoção da biometria para controlar a presença nos hospitais federais. Segundo ele, os aparelhos deveriam emitir um comprovante, para o trabalhador ter uma prova de que bateu o ponto, algo que as máquinas já instaladas no HGB não o têm. Para Mauro Edson, o empregador tem o direito de controlar o ponto. “Mas o simples fato de a pessoa botar o dedo no leitor não significa que ela vá trabalhar. Para resolver esse problema, é preciso ter chefias mais presentes, que acompanhem o trabalho dos servidores”, afirma ele.
Na última sexta-feira, houve uma reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos de servidores do setor para discutir o novo ponto. A reunião, porém, terminou sem acordo entre as partes. O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Previdência Social e Trabalho (Sindsprev) entrou com uma ação na Justiça pedindo para que as máquinas de verificação das digitais passem pela análise de um perito. “Nem mesmo o Inmetro certificou os equipamentos”, diz Julio Cesar Tavares, diretor do Sindsprev.
O Presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze lembra que, pela natureza do trabalho, o pessoal da Saúde teria dificuldades para bater o ponto pelo novo sistema. “Se o médico estiver numa cirurgia e passar do horário dele, o que é comum, ele interrompe para bater o ponto?” questionou.