SÃO PAULO – Mesmo sem contabilizar os efeitos de Copa e Olimpíadas, o mercado brasileiro de cartões de crédito e de débito deve registrar um aumento de faturamento de R$ 444 bilhões estimados ao fim de 2010 para R$ 1,3 trilhão em 2015. Hoje, 25% do que as famílias brasileiras consomem são pagos com algum tipo de cartão.
Estudo realizados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) espera que o volume de transações mude de patamar até 2015, quando o mercado deve transacionar 15 bilhões de operações, ante os 7,1 bilhões estimados até o final do ano de 2010.
A entidade projeta ainda que as compras parceladas no cartão serão maiores que os débitos à vista. Um dos membros da Abecs, Valdecir de Paula, ressalta que, hoje, a modalidade representa 50,8% (até o final do ano) e deve cair para 45,6%. "O fenômeno deve acontecer porque haverá estabilização da inflação e disponibilidade de crédito", disse.
Outra estimativa da entidade é que a alta renda "ganhe" espaço na participação do mercado e porte mais cartões, saltando dos 22% para 30%, enquanto a classe de baixa renda diminuirá dos atuais 51% para 44%. "A renda mais alta demonstra o hábito do uso do cartão que, muitas vezes, utiliza o meio eletrônico como principal forma de pagamento."
Valdecir de Paula ressalta que o cartão para baixa renda é a porta de entrada para o mundo financeiro. "Muitas vezes ele faz o cartão da loja e depois se bancariza. Esta entrada tem apresentado um crescimento no tíquete médio, reflexo direto do crescimento na renda da população mais pobre."
De acordo com a pesquisa, outra fatia da população que aumentará a representatividade nos próximos 5 anos é o de pessoas jurídicas. A Abecs acredita em um aumento de 2 pontos percentuais, saltando de 6% para 8%. A entidade, contudo, não revelou mais detalhes da a pesquisa, que deve ser publicada nas próximas semanas.
A entidade mostrou também que depois do fim do contrato de exclusividade entre Cielo e Visa houve um aumento no faturamento quando se compara junho (fim da e exclusividade) e setembro. No sexto mês do ano, o mercado faturou R$ 42, 046 bilhões, ante R$ 44,671 bilhões em setembro (projeção).
No caso do faturamento em crédito, o mês de junho registrou R$ 24, 639 bilhões, ante R$ 26,114 bilhões em setembro (projeção).O de débito registrou em junho R$ 12,178 bilhões, ante R$ 13,104 bilhões projetados para o nono mês do ano de 2010.
De acordo com a Abecs, os dados demonstram que o mercado vem crescendo a um ritmo acelerado se for feita uma comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação às transações, este crescimento foi da ordem de 15%, e em faturamento, de 23%, abrangendo todos os tipos de cartão: crédito, débito e private label (lojas e rede). "Tal diferença tem consequência direta na evolução do tíquete médio, que em setembro deve ficar em R$ 77,00", diz comunicado.
A entidade reforça que outro ponto que merece destaque no último trimestre é que o mês de agosto, impulsionado pelas vendas relativas ao Dia dos Pais e pela "minivolta" às aulas, apresentou expressivo aumento nas transações em relação a julho e setembro. Já a economia aquecida e a moeda real forte em relação ao dólar levaram mais brasileiros ao exterior no mês de julho, resultando em um gasto 43% maior neste mês quando comparado ao mesmo período de 2009.
Auto regulação
Com o objetivo de regular o mercado e permitir tanto a entrada de novas bandeiras de cartões como de adquirência, a Abecs deve apresentar ao mercado as novas regras. Segundo o representante da entidade Juan Ferrés , o prazo estipulado é 30 de setembro, mas pode ser prorrogado até o final do ano, por ser a primeira versão do documento.
Ferrés destaca que a autorregulamentação do mercado vai além de questões como unificação das maquininhas de cartão. "Tem de acirrar a competição entre marcas de cartão e de adquirente."
http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=13&id_noticia=343174