Empresas investem em leitores mais modernos de identificação de pessoas

 Impressão digital. Não existe uma impressão digital igual à outra. Por isso, esse método é usado para identificar as pessoas, como aconteceu agora nas eleições e está ficando, cada vez mais, comum em outras situações do nosso dia a dia, como nos caixas eletrônicos de bancos. Mas sabia que também dá para identificar uma pessoa pelos batimentos cardíacos, pelo caminhar, pela forma de digitar e até pela orelha? O que faz de você um ser único e inconfundível em meio a 7 bilhões de humanos no planeta? Seus olhos? Sua impressão digital? Sua voz? Seu jeito de andar? A batida do seu coração? Tudo isso, e mais um pouco.

 
Um programa que permite que o celular reconheça o dono pelo formato da orelha. Ou então, o ritmo único de digitar no teclado. Mas o mais seguro continua sendo o mais antigo: a digital. Um sistema que começou no século XIX com tinta nos dedos e hoje é um processo eletrônico e cada vez mais comum na vida de muitos brasileiros. “Na academia antigamente era carteirinha e as pessoas esqueciam a carteirinha. Hoje em dia a maioria por digital, a pessoa não esquece mais e o problema é que as pessoas têm problema de digital”, conta Manoel de Bastos, empresário.
 
Manoel instalou até em casa e Dona Teresa, a vizinha, fez o mesmo. Mas, “Raramente pega a minha digital. Você bota e ela não corresponde, então ela não abre a porta. E você então tem de colocar a senha, como acontece também nos bancos”, diz Teresa Pereira, professora. Não é só a Dona Teresa. Quem já não perdeu o maior tempão até ter a palma da mão reconhecida para poder sacar dinheiro. E existe uma razão para isso. Creme nas mãos é uma. Mãos suadas. E também porque a gente, às vezes, posiciona errado as mãos sobre o leitor. Mas existe, sim, gente que perde as linhas das mãos e dos dedos.
 
“A perda da digital ela sempre vem depois de um processo patológico. Paciente que faz quimioterapia, paciente com alergia pode perder a digital. A única forma de você perder a digital sem ter doença nenhuma é quando você já nasce sem ela que é uma doença genética mas isso é raríssimo. Agora, as pessoas idosas elas vão perdendo um pouco. Esse sulco não fica tão proeminente. Então quando aperta muito no scanner às vezes dificulta”, destaca Leandra Metsavaht, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
 
Mas para o especialista em biometria, da Unicamp, Anderson Rocha, o problema também está nas máquinas, que deveriam ser capazes de se atualizarem a cada leitura, acompanhando as mudanças que naturalmente acontecem no nosso corpo. “Se nós colocamos sensores que são melhores, nós conseguimos capturar mais pontos que podem ser utilizados no reconhecimento depois. Por isso que é importante você coletar mais informações ao longo do tempo, você atualizar o seu sistema e sempre fazer um sistema dinâmico da mesma maneira que o ser humano é dinâmico”, destaca o especialista.
E muitas empresas estão fazendo isso, como o repórter Roberto Kovalick descobriu nesta semana, na maior feira mundial de biometria, em Londres.
 
O reconhecimento das digitais, modernizado. Equipamentos mais sensíveis conseguem eliminar dificuldades de leitura, como umidade ou oleosidade nas mãos. Os novos leitores reconhecem a digital mesmo com a mão encharcada. Os equipamentos também estão mais baratos e portáteis: uma empresa israelense vende um leitor de digitais que custa o equivalente a R$ 500 e cabe no bolso. Conectado ao celular, acessa um banco de dados e verifica a identidade da pessoa.
 
A impressão digital não é a única forma de identificação que temos nas nossas mãos. As veias também formam um padrão diferente de pessoas para pessoa e inclusive entre as mãos. As veias da mão direita são diferentes das veias da mão esquerda. Roberto Kovalick: O equipamento está preparado para reconhecer a minha mão direita. Se eu ponho a esquerda, ele não reconhece. Agora, se eu ponho a mão direita, ele reconhece quem eu sou.
 
Esse sistema já é usado em alguns caixas eletrônicos no Brasil. O equipamento usa luz infravermelha, que reflete na hemoglobina, as células vermelhas do sangue. Assim, ele consegue enxergar as veias.
Com as novas tecnologias a gente pode ser identificado em qualquer lugar, em qualquer situação. Mesmo andando à toa com as mãos nos bolsos e não adianta tentar disfarçar usando óculos, por exemplo, o equipamento sabe imediatamente quem é.
 
Os sistemas de reconhecimento facial estão cada vez mais sofisticados. Medem as proporções do rosto, a distância dos olhos, as curvas. E transformam essas informações em números. É mais ou menos como se fosse um CPF e identifica cada pessoa. Roberto Kovalick: A representante da empresa mostra que todas as vezes que eu passei na frente da câmera, ela me reconheceu e gravou um pequeno vídeo.