Eleitores aprovam sistema biométrico como forma de evitar fraude eleitoral

A auxiliar de serviços gerais, dona Celina Carmo Medeiros, 53, foi a primeira eleitora no Amazonas a  ter a digital cadastrada no sistema biométrico da Justiça Eleitoral, que teve início nesta segunda-feira no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros ao norte de Manaus). A cidade é primeira do Estado a receber o redacastramento do eleitorado pela tecnologia de identificação digital.
 
Depois de ter cada dedo das mãos cadastrados  pelo scanner, dona Celina aprovou o sistema. “Fácil né?! Muito bom!”, disse. Para ela, a novidade vai por fim às fraudes eleitorais. “Até a última eleição, muita gente que não mora aqui votou”, disse.
O funcionário público, Aluísio Tadeu Nunes, 60, foi o segundo eleitor a ter suas digitais registradas no sistema. “Isso vai tirar Presidente Figueiredo da fraude no voto. Pela proximidade com Manaus, muita gente fraudava aqui, mas isso vai acabar”, disse.
 
Segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Flávio Pascarelli, o município foi escolhido porque “sempre apresentou problemas no cadastramento eleitoral”. Em 2007, durante uma revisão no eleitorado, foram identificados pelo menos 5 mil cadastros de pessoas que não tinham residência fixa no município, o que corresponde a 32% da população.
 
Por conta das fraudes, o cartório eleitoral adotou a prática de visitar eleitores recém cadastrados ou que pediram transferência do seu título para o município, o que será mantido mesmo com a biometria, segundo o chefe do Cartório daquela cidade, Antônio Carlos Moreira. “Agora vamos ter certeza de que o resultado das urnas corresponde ao eleitorado local”, disse a corregedora do TRE, desembargadora Socorro Guedes.
Pascarelli estima que a biometria dará celeridade à votação, além de reduzir filas e o número de pessoas que deixam de votar. “Em Porto Velho a abstenção diminuiu de 15%, sem a biometria, para 10% na última eleição, já com o sistema biométrico”, disse.
Segundo o gerente da biometria do TRE-AM e diretor do Centro de Atendimento ao Eleitor (Cate), Ivan Vieira Júnior, o cadastramento no município será feito em duas fases nos próximos dois meses. A primeira com cadastramento geral da população que comparecer nas bases do TRE e a segunda em locais específicos, onde houver falta de comparecimento dos eleitores.
 
O TRE também terá três bases nas zonas rurais, nas comunidades Rumo Certo, Balbina e Pitinga, e estima registrar pelo menos 7 mil eleitores nessas localidades. Na sede do município, o cadastramento será feito no cartório eleitoral e no Instituto de Ciência e Tecnologia do município (Ifam). A previsão é que 19 mil pessoas sejam registradas.
 
Nesta segunda-feira foram realizados registros de pelo menos cem pessoas convidadas pelo cartório eleitoral para testar o equipamento, segundo Vieira. “É  uma amostra para ter uma noção das dificuldades que vamos enfrentar”, disse.
Foram convidadas pessoas de diferentes áreas sociais, de agricultor a gestores do município. O prefeito Neilson Cavalcante (PSB) também fez o registro biométrico. 
O cartório eleitoral dispõe de 18 pontos de cadastramento, sendo oito para colher as digitais e dez para registro de dados. Ao término dos dois meses, duas bases biométricas  permanecerão no cartório para atender o município. O mesmo será feito nas outras sete cidades da Região Metropolitana que receberão a nova tecnologia.
 
Careiro da Várzea (a 25 quilômetros a leste de Manaus) será a próxima cidade a passar pela revisão biométrica, a partir de maio, segundo o diretor-geral do TRE, Henrique Levy.  
 

Os municípios de Itacoatiara, Iranduba, Novo Airão, Manacapuru e Rio Preto também terão o eleitorado revisado com a tecnologia de identificação digital até maio do ano que vem.