Copa vai exigir formação de consórcios

O ramo de segurança eletrônica deve praticamente dobrar de tamanho nos próximos três anos, no Brasil. E o motivo é o mesmo que provocará impacto positivo em outros setores: a realização, no país, da Copa das Confederações, em junho, e da Copa do Mundo, em 2014. As empresas da área têm muito a comemorar. A estimativa é de que o faturamento global do setor chegue a R$ 1,8 bilhão, em 2016. Em 2012, a receita foi de R$ 999,6 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

"A Copa das Confederações e, principalmente, a Copa do Mundo estão sendo os grandes propulsores desse crescimento sem paralelo", diz o diretor de segurança eletrônica da Abinee, Marcos Menezes. "A expectativa para os próximos anos é de um crescimento contínuo. Estamos falando de contratos de 20,25 anos", afirma.

Menezes explica que, para se adaptar às exigências da Fifa, as empresas estão se adequando às normas e padrões utilizados em todo o mundo. Com isso, abrem chances de obter certificações internacionais. A necessidade de cumprir essas exigências cria uma situação nova: o trabalho conjunto das empresas, diz ele.

"Temos um desafio pela frente", diz o diretor-geral do Grupo Protege, Mário Baptista de Oliveira. O grupo tem 28 bases operacionais em 21 Estados, além de 21 mil empregados. É formado por sete empresas que vão de segurança eletrônica e patrimonial a transporte e custódia de valores. Mesmo assim, segundo Oliveira, para seguir os requisitos da Fifa a empresa tem de recorrer aos consórcios. "A demanda é muito grande. Estamos formando consórcios. Não há outro jeito. Não há concorrência. O que há é parceria", afirma Oliveira. "Um jogo vai demandar cerca de 2 mil seguranças. Teremos diversas empresas que vão fornecer mão de obra durante esses eventos."

O plano de segurança do Governo Federal para os megaeventos, dividido em 15 áreas temáticas, tem custo estimado de R$ 1,17 bilhão. Desse total, cerca de três quartos (R$ 877,5 milhões) serão gastos com equipamentos. Estão sendo implantados 14 centros de comando e controle dois deles nacionais, em Brasília e Rio de Janeiro, e o restante nas demais capitais que vão receber jogos.

Até equipamentos insuspeitos, que parecem ter pouco a ver com segurança, podem entrar na conta das empresas da área, durante as copas. "O sistema de som e imagem nos estádios, por exemplo, serve a mais de um propósito. Para informação, para entretenimento e, também, para a segurança. Num caso de evacuação, ele é fundamental", afirma Menezes.

Essa situação, segundo o diretor da Abinee, faz com que os contratos com as concessionárias dos estádios, responsáveis pela infraestrutura de segurança, possam variar de algo em torno de R$ 20 milhões a R$ 60 milhões.

O diretor geral do Protege lembra que um jogo de futebol demanda segurança antes, durante e depois. Em média, são 12 horas de trabalho. Como esses profissionais têm uma remuneração média de R$ 30 por hora, cada um deles deve receber cerca de R$ 360 por partida. Com 2 mil empregados em cada jogo, somente com pessoal de segurança deve ser gasto algo em torno de R$ 720 mil, numa partida.

O executivo lembra, porém, que a demanda não se restringe aos jogos de futebol. A Fifa ainda é responsável pela segurança nos campos oficiais de treinamento, nos centros de treinamento de seleções, nos hotéis onde as delegações ficarão hospedadas, nos locais utilizados para a realização de eventos subordinados e em seus escritórios. "O céu é o limite. O segmento de segurança patrimonial tem a pretensão de firmar-se internacionalmente com esses eventos", diz Oliveira.

O diretor superintendente da Gocil Segurança e Serviços, César Leonel Silva Neto, tem a mesma opinião. "Atuar nas copas representaria muito para a empresa. Muito mais que retornos financeiros, obteríamos atestados de qualidade superior", diz ele. E a empresa já investe para tanto. "Construímos um novo centro integrado de comando e controle e estamos fazendo grandes investimentos em treinamento de pessoal."

Segundo o diretor de negócios da NEC Brasil, Massato Takakuwa, os dois megaeventos também antecipam a utilização de novas tecnologias. "Elas podem ser utilizadas, sobretudo nas arenas, como as aplicações biométricas", diz o executivo. Segundo ele, a impressão digital e o reconhecimento facial são "tecnologias maduras", que devem integrar o sistema de segurança.

Esses subsistemas de segurança eletrônica, na avaliação de Takakuwa, podem representar 15% a 20% dos gastos em segurança eletrônica de um empreendimento.