A expansão dos cartões sem contato continuou em ritmo acelerado em todo o mundo em 2010, ganhando impulso fora dos mercados pioneiros da região Ásia-Pacífico.
Apesar da queda nos gastos dos consumidores e da redução das margens dos emissores de cartões e dos comerciantes devido à recessão global, o investimento em tecnologias sem contato continua crescendo, pois tanto a indústria como os consumidores percebem os benefícios desse tipo de produto.
Os dados são da pesquisa realizada pela Euromonitor.
OS CARTÕES SEM CONTATO ESTÃO “PEGANDO” NOS MERCADOS EM DESENVOLVIMENTO
Na última década, os mercados desenvolvidos da Ásia Pacífico –incluindo Japão, Hong Kong e Cingapura– foram o terreno mais fértil para o desenvolvimento de cartões sem contato, mas essa tecnologia vem hoje avançando a passos largos em vários mercados em desenvolvimento.
Na Polônia e na Turquia, os cartões sem contato cresceram rapidamente nos últimos dois anos, pois as instituições emissoras fizeram da inovação um elemento-chave de suas estratégias e tais cartões tornaram-se importante ferramenta de branding para atrair segmentos mais jovens de consumidores.
O PKO Bank Polski, que em termos quantitativos é o maior emissor de cartões do mercado polonês em 2009, pretende converter totalmente a bandeira Visa em cartões sem contato até meados de 2012. Ao longo de 2010, Citi Handlowy, Polbank, Invest-Bank, Millennium e Deutsche Bank PBC também começarão a emitir cartões sem contato na Polônia –como já fazem os bancos Zachodni WBK SA, ING Slaski SA, Alior, mBank e Multibank.
Aceitação – Toda essa agitação entre os emissores ajudou a impulsionar a aceitação dos cartões sem contato pelos comerciantes poloneses em 2010. Estima-se que o número de estabelecimentos na Polônia que aceitam esse tipo de cartão duplicará até o final de 2010, chegando a quase 10% dos terminais instalados.
Inovações – Na Turquia, o Garanti Bank, segundo maior emissor do mercado em 2009, continua liderando em inovações de tecnologia sem contato e está lançando um cartão SIM com chip NFC. Por sua vez, tanto o Akbank como o Bank Asya (uma nova força no mercado de cartões) estão buscando o crescimento por meio de produtos sem contato inovadores em 2010.
O Bank Asya lançou no mercado o primeiro cartão pré-pago open loop (rede aberta), o DIT Pratik, no final de 2009. A aceitação dos cartões sem contato está aumentando nas áreas urbanas da Turquia, tendência que deve prosseguir à medida que os bancos emissores continuam competindo pelo segmento cada vez maior de jovens consumidores urbanos.
EXPANSÃO ANUAL DOS CARTÕES SEM CONTATO, 2004-2010
Os dados sobre crescimento mundial são baseados em pesquisas em 44 grandes mercados e incluem cartões pré-pagos de transporte.
EMISSÃO DE CARTÕES SEM CONTATO APROXIMA-SE DA MASSA CRÍTICA NA FRANÇA E NO REINO UNIDO
Neste ano, também houve crescimento da tecnologia e do uso dos cartões sem contato na Europa Ocidental. Em 2009, na França, o Carrefour deu enorme impulso aos pagamentos sem contato quando a sua subsidiária de serviços financeiros, a Société des Paiements PASS (S2P), converteu vários milhões de cartões de loja Carrefour PASS em cartões sem contato MasterCard PayPass.
Estima-se que o Carrefour instalará mais de 20 mil terminais sem contato em suas lojas francesas até meados de 2010. Segundo declarações da empresa em dezembro de 2009, 38% dos portadores de cartões PASS que fizeram compras abaixo de 25 euros utilizaram a tecnologia sem contato.
“Se o Carrefour tiver sucesso na estratégia dupla que adotou para os cartões sem contato PASS –competir mais diretamente com os grandes bancos emissores e diminuir o tempo de espera dos clientes em suas lojas no mercado francês–, podemos prever que expandirá o programa para outros mercados emissores, incluindo Itália, Bélgica e Brasil”, afirmam os analistas da Euromonitor.
Massa crítica – No Reino Unido, embora a expansão dos cartões sem contato tenha atingido mais de 80% em 2009, devido principalmente à iniciativa da Barclaycard de substituir o seus cartões de crédito normais (com chip e senha) por cartões sem contato, parece que ainda será necessário atingir a massa crítica antes que as grandes redes varejistas e de supermercados adotem efetivamente os novos cartões.
Hoje os cartões sem contato são aceitos por muitas cadeias com alto nível de visitação mas baixo valor de consumo –por exemplo, Caffè Nero (11% de share das vendas de cafés de alto padrão no Reino Unido em 2009), Pret a Manger Europe (1,7% de share das vendas de fast food no Reino Unido em 2009) e, desde junho de 2010, diversas farmácias da rede Alliance Boots (50,2% de share das vendas de produtos de beleza e saúde no Reino Unido em 2009)–, mas nenhum grande varejista como o Carrefour decidiu participar até o momento.
Contudo, se o experimento da Boots com os cartões sem contato for bem-sucedido e a taxa de conversão da Barclays se mantiver até o final de 2010, é possível e plausível que a Tesco (maior varejista da Grã-Bretanha) ou a J Sainsbury tomem iniciativa semelhante à do francês Carrefour.
A Tesco está particularmente bem posicionada para lançar um cartão próprio, pois seu braço de serviços financeiros (o Tesco Bank) vem expandindo continuamente.