Nos próximos quatro anos, cerca de 100 mil novos postos de trabalho na área de tecnologia da informação devem ser abertos no Brasil, caso o ritmo de crescimento do setor se mantenha. Somente neste ano, a estimativa é que a área de TI registre expansão acima do Produto Interno Bruto (PIB), cuja projeção é de alta de 4% no ano. Essa evolução, porém, expõe uma fragilidade do país – sobram vagas, mas faltam trabalhadores qualificados para preenchê-las.
Para presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nesse, que também preside o Sindicato das Empresas de Processamento de Dados e Serviços de Informática do Estado de São Paulo (Seprosp), a entrada de novas empresas no mercado nacional estimula a demanda por profissionais qualificados, mas o país não consegue atender com eficiência, o que pode afetar o crescimento do setor. Ele alerta para o fato de que já começa a faltar mão de obra qualificada não apenas na área de TI, como também nas áreas de telemarketing e teleatendimento.
O setor de tecnologia da informação, ao lado de atividades de teleatendimento e telemarketing, estão inseridos na área de serviço da informação, que responde por 5% do faturamento nacional do setor de serviços. O estudo mais recente sobre essa área é de 2004, o qual aponta que ela emprega 1,4 milhão de pessoas, ou 3,8% da mão de obra do setor de serviços. Nesse esclarece, no entanto, que o último orçamento do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) para a qualificação profissional de todas as áreas econômicas – o que inclui serviços, indústria e agricultura – foi de R$ 220 mil, diante de um pedido inicial de R$ 1,2 bilhão. "É um valor muito baixo em relação aos outros investimentos", afirma o dirigente setorial, ao antecipar que para o próximo ano orçamento necessário será de R$ 1,4 bilhão.
O presidente da CNS atribui à entrada de empresas no mercado de TI como a principal impulsionadora da busca por profissionais qualificados. Ele diz que algumas iniciativas do setor privado procuram preenchem as lacunas existentes, mas ainda são insuficientes para atender às necessidades desse mercado. O dirigente cita como exemplo um projeto piloto do Seprosp realizado no ano passado, no qual investiu R$ 500 mil para formação de mão de obra qualificada. "Mas é insuficiente para atender a demanda de 30 mil a 40 mil profissionais de TI no estado de São Paulo", reconhece.