Biometria ganha impulso com novas perspectivas de utilização

 Durante muito tempo as tecnologias biométricas estiveram circunscritas a cenários futuristas, mas hoje fazem parte de muitos sistemas de identificação, seja perante o Estado, seja no local de trabalho. A tendência é para que se aproximem cada vez mais do cotidiano do consumidor.  

 
Tem como referências em Portugal o Cartão de Cidadão e o Passaporte Eletrônico Português, mas há já algum tempo que o dinamismo imposto por estes dois projetos perdeu fôlego e que o ritmo a que o mercado nacional da biometria avançava abrandou. Mas, depois de um período de maior estagnação, os fabricantes desta área contatados pelo Semana mostram-se optimistas com o negócio para os próximos anos, tanto pela recuperação da capacidade de investimento por parte das empresas, como pela cada vez maior “consumerização” esperada de tecnologias biométricas.
 
Em contexto empresarial, o recurso à biometria pode dividir-se em duas áreas de negócio independentes: uma relacionada com a segurança e com o controlo de acessos da organização, e que abrange funcionários, prestadores de serviços, visitantes, veículos, entre outros; outra associada à gestão efetiva de assiduidade (relógio de ponto) e de escalas e ao planeamento de equipas de trabalho.
 
A utilização da biometria a nível empresarial poderá ser de maior criticidade quando a tecnologia é aplicada nas operações da empresa, sublinha Humberto Estrela. «Assim poderemos ter o controlo de atividades e tarefas de produção industrial com base em leitura biométrica, bem como equipas de serviços que têm que desenvolver determinadas tarefas e atividades com início e fim para controlo de gestão – hotelaria, lojas, serviços de manutenção, reparação, intervenção e suporte, serviços de saúde, hospitais, etc.», acrescenta o CEO da HPG.
 
Face a este enquadramento, as vantagens são inúmeras em termos da segurança de pessoas e bens e do controlo de gestão e produtividade, considera o responsável. A maior vantagem da tecnologia biométrica passará, contudo, pela possibilidade de ter um registo inequívoco do utilizador, «não permitindo que o mesmo seja utilizado por outros utilizadores, pois essa vantagem não existe noutras tecnologias, como os cartões de proximidade, entre outros.
 
Os fornecedores de soluções destacam o carácter transversal da aplicação da biometria a qualquer área de negócio, e talvez por isso apontem exemplos diferenciados dos sectores que mais tendem a procurar este tipo de tecnologia. As menções passam pelos sectores bancário, industrial e hospitalar, mas também pelos transportes, pela administração pública e pela segurança interna.
 
Já em relação ao tipo de soluções mais procurado pelas empresas, a identificação por impressões digitais lidera. «São mais económicas face às restantes tecnologias biométricas, além de serem tecnologias perfeitamente estandardizadas e maturadas, permitindo minimizar as falhas, caso se verifiquem», considera Vera Vieira, da Bioglobal.
 
A procura destas soluções por parte das empresas deverá manter-se nos próximos anos, mas tecnologias como a geometria de mão e o reconhecimento facial também começam a ser mais solicitadas, “normalmente integradas em soluções mais abrangentes como componentes built-in”, acrescenta Sérgio Sá, Diretor de Segurança da área de Serviço Gerencial Global da Unisys.