Apple se rende ao NFC e aposta na biometria para lançar o Apple Pay

 Wall Street reagiu muito bem ao lançamento da solução de pagamentos móveis sem contato da Apple, a Apple Pay, que permitirá a portadores de cartões de débito e crédito usar o iPhone 6, iPhone 6 Plus e, futuramente, o Apple Watch para realizar suas compras diárias. O processo de pagamento funciona usando a tecnologia NFC (“near-field communication”), de modo que basta aproximar os smartphones de um leitor sem contato, e pressionar o Touch ID, para que a transação seja autenticada e processada.

Já para compras dentro de um aplicativo, os consumidores simplesmente tocam para pagar e autenticar com suas digitais ou usam sua senha de acesso resultando em uma experiência contínua e fácil sem ter que digitar seu número de cartão ou deixar o aplicativo.

As ações da Apple subiram quase 5% logo após a apresentação do sistema Apple Pay, mas voltaram a cair depois da decepção do mercado com o anúncio do relógio inteligente da companhia. Apesar de muito diferente dos da concorrência, o Apple Watch não agradou tanto ao mercado quanto o Apple Pay.
 
O Apple Pay transforma os pagamentos móveis em uma maneira fácil, segura e privada de fazer compras. Ao integrar hardware, software e serviços da Apple, o Apple Pay cria uma experiência única e incrivelmente intuitiva para os usuários. Uma API estará disponível no próximo mês para programadores que queiram inserir a solução de pagamentos em apps para o iOS 8. A nova versão do sistema da Apple será lançada junto com o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus, dia 18 de setembro. O iOS 8 virá pré-instalado em todos os novos modelos de iPhone e iPad, e estará disponível como atualização gratuita para os atuais usuários do iPhone 4S, iPad 2, iPad mini e modelos de iPod touch de quinta geração, ou posterior.
 
Quando o ApplePay estiver disponível, bastará tirar uma fotografia do cartão de crédito com o iPhone, verificar os dados dp cartão e guardá-la no Passbook para usá-lo como meio de pagamento para o Apple Pay. A Apple está a trabalhando com as empresas de cartões de crédito American Express, MasterCard e Visa e seis dos maiores bancos norte-americanos, bem como com vários varejistas.
 
A Apple Pay lembra muito a solução de carteira virtual MasterPass, da Mastercard, que afirma ter trabalhado em conjunto com a Apple para desenvolver a base para as transações móveis seguras, por meio da qual os consumidores podem usar seus cartões quando, onde e da forma que desejarem.
 
Os pagamentos via Apple Pay se integram ao Serviço de Habilitação Digital MasterCard (MDES, na sigla em inglês). Anunciado no final do ano passado, o serviço, oferecido pela MasterCard aos bancos, permite que os equipamentos móveis sejam usados para compras diárias e pagamentos. Além dos bancos mencionados no lançamento de hoje, a MasterCard está trabalhando para trazer outros bancos para o Apple Pay através do MDES.
 
No caso da Visa, a tecnologia usada foi a do Serviço Visa de Tokenização, que substitui a informação sensível de contas de pagamentos encontradas nos cartões de plásticos, por um número de conta digital ou “token”, que pode ser guardada de forma segura em dispositivos móveis e usada para compras em comércios e apps. A Visa disponibilizará esse serviço em fases, apoiando inicialmente aquelas instituições financeiras que são as primeiras participantes no lançamento do Apple Pay, e logo estenderá o serviço para que esteja disponível para todos seus clientes americanos.
 
Adesão ao NFC 
De acordo com o Wall Street Journal, o uso da tecnologia NFC, em vez da iBeacon, é fundamental para os planos da Apple de oferecer o recurso chamado "tap-to-pay" (algo como toque para pagar) nos seus dispositivos móveis, permitindo que o usuário pague por bens e serviços usando cartões de crédito cujos dados estão armazenados no site iTunes.
 
A Apple incluiu um recurso extra de segurança no telefone — e, provavelmente, também incluirá no relógio — que emprega um conjunto diferente de códigos de segurança cada vez que o aparelho é usado, de modo a criptografar as informações de cartão de crédito e de cartão de fidelidade, disse uma fonte próxima da empresa ao jornal americano.
 
Ao incluir a NFC no seu novo relógio e no novo iPhone, a Apple está apostando pesado na tecnologia sem fio. A tecnologia NFC funciona com a transmissão de um sinal de rádio entre o dispositivo e um receptor, quando os dois se tocam ou ficam a menos de alguns centímetros de distância. A empresa vinha resistindo notavelmente à NFC enquanto concorrentes como Samsung, BlackBerry, Nokia, e Google promoviam essa tecnologia.
 
Muitos fabricantes de smartphones agora equipam seus aparelhos com chips NFC. Mas a tecnologia está demorando para se popularizar como opção de pagamento nos EUA porque muitos consumidores não consideram que passar seu smartphone na frente de um leitor de NFC seja um avanço em relação a passar um cartão de crédito. Além disso, poucas lojas aceitam a tecnologia.
 
Na opinião de Bruno Tasco, Analista Senior de TI da Frost & Sullivan, o diferencial da Apple com relação aos concorrentes é que mais do que simplesmente lançar novos dispositivos com essa funcionalidade, a empresa já articulou com toda a cadeia incluindo as bandeiras (Visa, Mastercard e American Express), 6 grande bancos (nenhum Brasileiro – apesar de o Citibank, um dos citados, ter presença local) e também varejistas (de acordo com o anuncio 22.000 varejistas – aparentemente nos Estados Unidos inicialmente – incluindo Macy”s, Bloomingdales, Wallgreens, Subway e McDonalds irão operar com Apple Pay.
Em 2013, segundo o Gartner, a tecnologia NFC movimentou 4,8 bilhões de dólares em transações no mundo, contra 128 bilhões de transações usando soluções de pagamentos móveis baseadas em SMS e 154 bilhões em USSD (Unstructure Supplementary Service Data). Em 216, a NFC movimentará 21,9 bilhões, contra 262,6 bilhões de SMS e 37,5 milhões em USSD.