3M ajusta o foco para dobrar faturamento

A americana 3M estrutura sua operação brasileira para dobrar o faturamento no país até 2016. A meta é passar dos R$ 2,9 bilhões em 2012 para R$ 6 bilhões. O plano tem como foco três de cinco áreas em que a companhia atua no Brasil: saúde, consumo e petróleo e gás. Os dois primeiros têm relação direta com a expansão da classe C, e o outro, com o pré-sal. Neste ano, José Varela, presidente da 3M no Brasil, programou investimentos de US$ 65 milhões.
Dona das marcas Post-It e Durex, a 3M é famosa por produtos de papelaria e escritório, mas atua nas mais diferentes áreas que envolvem processos químicos – de saúde (incubadora para leitura de ampolas) a automobilística (filme para proteção de pintura).
"Planejamos grandes investimentos na área de saúde", diz Varela. O aumento da renda no país permite que o brasileiro invista mais, por exemplo, em tratamentos dentários, observa o executivo. A companhia não fabrica creme dental, mas tem a tecnologia para produzir um tipo de cola usada em restauração de dentes.
A 3M também fabrica produtos que testam a qualidade de alimentos – e, se cresce o consumo de comida, a empresa indiretamente vende mais. Seguindo essa lógica, cerca de 20 categorias de produtos no país estão no foco de Varella.
Mas direcionar os investimentos não implica em deixar de lado as outras duas áreas em que a 3M atua (eletrônicos e energia; segurança e gráficos). "Planejamos investimentos para os cinco grupos, mas nem todas as categorias terão o mesmo nível", diz Varela. Ele cita a necessidade de semáfaros inteligentes nas grandes cidades e a demanda por energia alternativa como outros pontos de interesse.
Nascido em El Salvador, Varela trabalha na 3M há 23 anos, sendo 18 anos fora de seu país de origem. Em sua opinião, avançar em tecnologia é essencial para manter a competitividade. "O Brasil não é um país "low-cost" [de custos baixos]. Para sobreviver aqui, tem que ter muita inovação".
Quando chegou ao Brasil, em 1946, a 3M encontrou um mercado com espaço para crescer e sem ameaça de concorrentes. Quase 70 anos depois, o cenário, como esperado, mudou bastante. O potencial ainda é grande, mas empresas internacionais e brasileiras acirram a disputa. "Estamos aqui há 66 anos e queremos ficar para sempre, mas o jogo está mudando e nós vamos nos defender", diz Varela.
Em 2010, a companhia decidiu dobrar a capacidade do centro de inovação localizado em Sumaré (SP). O projeto será inaugurado hoje. Custou US$ 13 milhões, verba que saiu do caixa brasileiro da 3M.
O centro de tecnologia de Sumaré, a 120 km da cidade de São Paulo, é comandado pelo americano Chris Olson, diretor de pesquisa e desenvolvimento da 3M do Brasil. Há 20 anos no grupo, e dois anos e meio morando no Brasil, ele diz que atuar em tantas linhas permite à empresa combinar diferentes plataformas de tecnologia. O sistema usado para fazer uma esponja de lavar louça, por exemplo, pode também ser aproveitado para fabricar uma máscara de proteção industrial.
Outro centro de inovação deve sair do papel e ser construído no Rio de Janeiro até 2015. Será voltado para petróleo e gás, segmento cuja demanda vai crescer à medida que a extração de petróleo do pré-sal avançar. A 3M planeja alugar um local ainda este ano. A empresa é fornecedora da Petrobras e tem, por exemplo, filtros para óleo.
O Brasil é o quinto mercado da 3M, que faturou US$ 30 bilhões em 2012. Fica atrás de Estados Unidos, Japão, China e Alemanha. A importância do Brasil para a matriz é enorme, segundo Varela. "A maior parte do lucro da operação brasileira é reinvestida aqui, e uma parte a 3M remete para a matriz."

A 3M procura explorar os pontos fortes de cada país. No Chile, por exemplo, investe em mineração. Este setor já foi o principal negócio da companhia e deu origem ao nome do grupo: Minnesota Mining and Manufacturing Company (empresa de mineração e manufatura de Minnesota). Criada em 1902 na região central dos EUA com o objetivo de explorar minérios, a operação mostrou-se pouco rentável. Os fundadores – cinco industriais do norte de Minnesota – decidiram mudar o negócio, explorando outras áreas. No centenário, em 2002, a companhia foi rebatizada para 3M.